Papa Francisco nos deixou. Mas o que fica em nós?

A morte do Papa Francisco nesta segunda-feira, 21 de abril de 2025, calou o coração de milhões ao redor do mundo. Um líder espiritual que não vestia apenas a batina, mas também a humildade, a compaixão e a coragem de tocar nas feridas mais esquecidas da humanidade.

Não é apenas um líder religioso que partiu. Foi um pastor de alma doce, um homem que escolheu os pobres, os esquecidos, os enlutados. Um Papa que nos abraçou com o olhar, que andou devagar pelas praças, que fez silêncio quando todos gritavam e que carregou em seu semblante a serenidade de quem conhece a dor do povo e, ainda assim, acredita na esperança.

Sua morte nos afeta de forma coletiva, sim. Mas também pode despertar algo íntimo e silencioso em cada um de nós: o eco de outras perdas. Porque quando alguém que representa fé, acolhimento e espiritualidade nos deixa, é natural que antigos lutos despertem. A partida do Papa Francisco nos convida não apenas à reverência, mas à reflexão.



Quando a ausência toca a alma

O luto por alguém que nunca vimos pessoalmente pode parecer estranho, mas não é. Porque não choramos só a ausência física, choramos o que essa pessoa simbolizava em nossa vida. E o Papa Francisco simbolizava, para muitos, um tipo de presença que confortava: de pai espiritual, de avô carinhoso, de guia manso. Um homem que ousou reformar sem dividir, acolher sem julgar e amar sem medida.

Em tempos de intolerância, ele escolheu o caminho da escuta. Em tempos de guerra, ele nos convidou à paz. Em tempos de pressa, ele nos ensinou a parar para olhar nos olhos.

A morte de Francisco é também um lembrete: mesmo os grandes, os fortes e os santos, um dia se vão. E isso nos confronta com a nossa própria finitude. Nos convida a pensar: o que eu tenho feito com minha fé? Com meu tempo? Com minha vida?


Uma partida que nos reencontra com a fé

Papa Francisco deixa um legado que vai além dos muros do Vaticano. Ele nos ensinou sobre uma fé que se ajoelha ao lado do sofredor. Que não se esconde em dogmas, mas se revela na prática diária do amor.

Ele não foi perfeito. Mas talvez seja isso que nos aproximou tanto dele. Um Papa humano. Um homem que dizia “reze por mim” ao invés de “eu vou rezar por você”. Um líder que lavou os pés de presidiários, que pediu perdão às vítimas de abusos, que acolheu refugiados e que, mesmo doente, insistia em caminhar, mesmo que amparado.

Mesmo entre aqueles que não o reconheciam como líder de sua fé, sua presença inspirava respeito, empatia e escuta. Francisco nos lembrou de que o que nos une, como filhos do mesmo Deus, sempre será maior do que aquilo que nos separa. A compaixão é a linguagem universal dos que crêem.

Sua última aparição pública, no domingo de Páscoa, já revelava um corpo cansado. Mas seus olhos ainda brilhavam com a luz da fé. Ele sabia que estava indo. E talvez por isso sua bênção tenha sido tão silenciosamente intensa.

Para quem já viveu perdas pessoais profundas, esse momento pode ser ainda mais delicado. Porque o luto coletivo ressoa dentro de lutos individuais. Ele nos reconecta com aquela ausência que ainda dói, com aquela saudade que a gente não nomeia todos os dias, mas que mora quieta em algum canto do peito.


O que fica?

Fica o olhar terno.
Fica o exemplo de escuta.
Fica a lembrança de um homem que atravessou fronteiras com gestos pequenos, mas poderosos.

Fica a frase: “Deus não se cansa de perdoar. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão.”

Fica o convite a uma fé mais próxima, mais viva, mais presente no agora. Fica a lição de que a espiritualidade não é sobre perfeição, mas sobre compaixão.

Fica, principalmente, o chamado para que cada um de nós continue o que ele começou: ser abrigo para quem sofre. Ser voz para quem silencia. Ser presença para quem está só.



Um luto que nos aproxima uns dos outros

O Papa Francisco se foi. Mas, assim como outras perdas que vivemos, sua ausência pode se tornar presença de outra forma: como inspiração, como impulso, como luz que segue acesa em quem permanece.

Neste momento, muitos se sentirão órfãos espirituais. É natural. Mas talvez esse seja também o tempo de nos tornarmos mais comunidade, mais irmãos, mais próximos.

O luto pode nos isolar. Mas também pode nos reunir.

Para quem perdeu mais do que o Papa

Se você está lendo este texto e se sentindo particularmente sensível, talvez não seja só a morte de Francisco que esteja doendo. Talvez seja a lembrança do seu pai. Da sua mãe. De alguém que partiu e levou um pedaço de você junto.

E está tudo bem sentir. Está tudo bem parar por um instante, respirar mais fundo, deixar uma lágrima cair. Não tenha pressa em sarar. Nem vergonha de sentir.

O Papa Francisco entendia isso. Ele mesmo disse, certa vez:

“Chorar é algo bonito. Os olhos que choram são olhos capazes de olhar longe.”

Então chore. Ore. Reze. Sinta. E quando estiver pronta ou pronto, siga. Porque a vida continua, com memória, com saudade, mas também com fé.

Uma despedida, uma oração

Papa Francisco nos deixou.
Mas deixou também um chamado:

Seja paz onde houver dor.
Seja fé onde houver dúvida.
Seja abraço onde houver solidão.

E se tudo parecer demais hoje, apenas respire.
E lembre-se:

O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã. (Salmo 30:5)


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